A vida lá fora

quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Tanta água já passou por baixo desta ponte que não sei por onde começar.
O Verão já lá vai, as férias partiram para longe, arrumaram as malas e a roupa veraneante só volta a passear-se na praia numa próxima oportunidade – que tudo indica que acontecerá ainda durante o inverno lusitano mas por hoje não falemos do futuro.

Depois de tamanho silêncio importa fundamentalmente abordar o presente. Em meia dúzia de linhas ocorre-me dizer que a rentrée no trabalho se deu sem sobressaltos. Tudo está outra vez em modo acelerado!

O resto da vidinha, aquela que realmente importa, vai bem, obrigada. A grande decisão neste “regresso às aulas” foi mesmo o regresso à dança. A ideia era antiga, caiu por terra o ano passado juntamente com a minha queda e a consequente rotura de ligamentos, mas este ano voltou a ganhar formas. Há mais de 10 anos atrás abandonei o ballet. Zanguei-me, virei costas e nem ouvi aqueles que me diziam que depois de tanto tempo investido me iria arrepender. O arrependimento já chegou há algum tempo mas só agora se uniu à força e disponibilidade para voltar e começar do zero. Assim, alegremente, três a quatro vezes por semana arrasto-me até à academia de dança para esquecer tudo e concentrar-me unicamente no plié, jeté, en dehors e outros termos franceses. Estes são os únicos momentos em que genuinamente gosto de ouvir falar francês! Dois meses volvidos quero mais, muito mais. A dança é um vício só inteiramente compreendido por quem o tem. E por mais cansado que o corpo esteja nunca é demais, as aulas são sempre curtas, as dores dos alongamentos suportáveis e até a combinação maillot, collant e sapatilha parece apetecível. Neste mundo onde as – pequenas - lesões são um efeito secundário que se exibe como quem diz “vicissitudes de quem se aplica” e não um sinal de stop, tudo parece ser válido. Daqui a 3 anos estarei capaz de dançar que por agora, e por melhor que ache que me saí, sei que estou a um longo caminho de lá chegar.

O reverso da medalha é que agarrada à dança veio também a dor no joelho, a fractura de grau III e a impossibilidade de uma cura. Tudo isto misturado com a indecisão dos médicos dá uma bela salada de frutas. Não sei se opere, se fique assim. Já ouvi que é melhor escolher outra actividade para passar o tempo. Coitados, não percebem nada... Se é para parar com a dança, então talvez seja melhor tirar já o joelho todo que se acabam as indecisões. Por agora deixam-me continuar quando prometo juízo, cuidado e a maldita joelheira, mas até quando?

E nas vossas vidas, o que se passa?
posted by MCF @ 18:58